Eu há muito estivera vivendo em densas trevas, sem atinar com a experiência epifânica pela qual o cinema independente norte-americano desde sempre (pelo menos, pra mim) vinha tentando me resgatar de um modo de vida corrupto e grosseiro.
Ah, mas a revelação, como posso dizer, estava cifrada, dissimulada justamente por coisas que qualquer um julgaria imundas, corruptas. Mas, então, é que a beleza dessa verdade místico-religiosa se faz ainda maior. Onde meus olhos moralistas só viam o pecado, aí é que se escondia a face da pureza, da santidade, e uma santidade indie!
E essa face é senão a de Chloë Sevigny. Desde o submundo, do meio de toda a sua aparente degenerescência de costumes e almas, eis que emerge, pura e em si mesma incorruptível, ainda que tudo em redor o negue, Chloë Sevigny. È la madonna indie!
Ah, se tão-somente abrirem seus corações, como crianças, verão em filmes como, por exemplo, Meninos não choram e Psicopata americano, como eu mesmo vi, a imagem da santa, à qual toda criatura indie, ficcional ou não, pode ir ter e lhe rogar patrocínio, nem que seja apenas participação num filme, contanto que este se harmonize com a piedade e credo indie.
É sempre ela, que por mais que seja humilhada, jogada à lama, sempre reluz, sempre se volta à câmera, com a cara manchada, mas o coração e os olhos puros: Chloë Sevigny, ícone de beatitude. Mesmo os indie têm diante de quem dobrar os joelhos, seu modo de desviar os olhos desta terra imunda e má em direção do céu. Ah, santinha!
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