Eu sou o Adão blogueiro. Fiquei desempregado, e o desemprego, suspeito que seja um estado muito próximo àquele em que vivia o homem lá, no Éden, antes da queda. Em vez de jardinar como o Adão bíblico, eu leio livros – na verdade, só folheio um monte deles; eu assisto a videoclipes no YouTube e a episódios da 4ª temporada do Seinfeld, emprestada do Camarada Progressista; eu acesso o Orkut. Mas o principal, a minha tarefa e ocupação básica: eu posto.
Postar é a grande incumbência de um Adão que seja blogueiro, é óbvio. Se eu posto, não sou tentado. Fico com a cabeça ocupada, não dou brecha pra nenhum maluco vir e me oferecer o fruto do conhecimento do bem e do mal. No caso, o fruto do conhecimento do bem e do mal da apreciação artística. Isto é bom, aquilo não. Eu prefiro ficar na minha. Quero só curtir as minhas coisas de filisteu. Não quero referências críticas alheias. Quero viver no meio do mato da opinião. Por isso é que eu odeio a Academia. Tenho de ir lá e me fazer passar por um iniciado. Até fazer prova, eu faço. Claro que não estudo. Por sinal, é das coisas mais engraçadas do mundo a hora da prova. Eu sento, pensando como não tenho a mínima idéia do que vem pela frente, enquanto o pessoal em volta está totalmente maluco, consultando alucinadamente anotações de aula e textos burocraticamente sublinhados. Aí, tenho de admitir que eu sou um picareta.
Postar é a grande incumbência de um Adão que seja blogueiro, é óbvio. Se eu posto, não sou tentado. Fico com a cabeça ocupada, não dou brecha pra nenhum maluco vir e me oferecer o fruto do conhecimento do bem e do mal. No caso, o fruto do conhecimento do bem e do mal da apreciação artística. Isto é bom, aquilo não. Eu prefiro ficar na minha. Quero só curtir as minhas coisas de filisteu. Não quero referências críticas alheias. Quero viver no meio do mato da opinião. Por isso é que eu odeio a Academia. Tenho de ir lá e me fazer passar por um iniciado. Até fazer prova, eu faço. Claro que não estudo. Por sinal, é das coisas mais engraçadas do mundo a hora da prova. Eu sento, pensando como não tenho a mínima idéia do que vem pela frente, enquanto o pessoal em volta está totalmente maluco, consultando alucinadamente anotações de aula e textos burocraticamente sublinhados. Aí, tenho de admitir que eu sou um picareta.
Só que você vai assistir a uma sessão de Hiroshima, mon amour ou de O raio verde, acompanhado de uma dúzia desses consumidores compulsivos do fruto do conhecimento do bem e do mal nas artes e aí vê os infelizes rindo de coisas das quais não deveriam estar rindo, se eles tivessem dado só mais uma mordidela no fruto. E, terminada a sessão, eles saem comentando que achavam que o raio verde ia cobrir a tela toda, tipo Independence Day, e não que nem foi: só um fiozinho de nada, que nem deu pra ver direito. Mas, de volta ao regime acadêmico, eles dizem que Rohmer é um artista pós-moderno e o escambau.
O que é um acadêmico? Um funcionário público do gerenciamento técnico e logístico otimizado do saber estabelecido e recursos afins.
Acadêmicos e filhotes de acadêmicos, aprendam com Sócrates, que era um filisteu e hoje é o pensador arquetípico. Ele, por não sacar nada de “arte de verdade”, “arte de qualidade” e “bons livros”, metia o pau em quem sacava e, não bastasse isso, inventou o método filistino por excelência, que parte do princípio de que ninguém ali sabia mesmo do que estava falando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário