Eu sei, eu sei: tenho só marcado pontos sobre o cinema indie. Mas pára aqui mesmo. Só quero deixar claro o que merece essa classificação. Pois existe certa tendência simplista - inclusive adotada por um dos colaboradores deste blog -, e que, em política, tem sua expressão clássica nos governantes tucanos, a reduzir tudo a números. Violência, educação, sáude. Realidades complexas, que envolvem pessoas e situações espaciais e temporais de verdade, se tornam tabelas e gráficos visualizáveis no Excel. Governar para milhões de pessoas (problemas), bem como avaliar uma obra artística como um filme passam a ser questões aritméticas. Assim, diz-me certo crítico tucano: este filme não é indie porque não tem baixo orçamento. 30 milhões? Não é baixo orçamento; logo, este filme não é indie. Uma equação, e perfeita, né? Tucano! Leva a estatística lá pra suas nega, vagabundo! Vai calcular o FGTS da sua mãe!
Indie é quando o sujeito quer atacar, e "atacar" num sentido bem lato, o american way of life, incluindo sua variação pé-de-chinelo aqui dos trópicos. É a proposta temática que, no final das contas, determina se o negócio é ou não indie. É a autonomia do mala do diretor, e isso só se vê no resultado, no que vai pra exibição, que decide: daí o nome alternativo "independente", cinema, filme "independente". Do contrário, se a gente for avaliar orçamento, condições de produção, tá é fazendo economia da indústria cinematográfica, sociologia do trabalho, sei lá, mas apreciação estética é que não vai ser!
Eu sei que a gente não pode isolar uma coisa da outra, produção e produto, principalmente quando se trata de cinema. Mas também não vamos embolar tudo, caindo no reducionismo da escola tucana de cinema. O que se trata é de fazer crítica, e usar indie como um termo crítico, estético, e não como rótulo de relatório de gastos.
Enfim, um filme "caro" não deixa de ser indie se tiver a Chloë Sevigny no elenco; ou então ela se enganou, e santa não se engana!
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