sexta-feira, 20 de abril de 2007

Concessões

Hora das concessões, eu mesmo as faço. Fora as truculências cometidas contra a ortografia, testemunhou-se um fio de luz, um vestígio quase imperceptível de lucidez em todo o jornalismo, amador ou profissional, no texto do Camarada Progressista (qual a razão deste nome? alguém sabe o que se quis dizer com isso?). Contrariando a estupidez geral, do tipo paga-pau, da cobertura dada ao BBB e ao casal com selo Boninho, Inc., de qualidade, o falacioso e falador Camarada Progressista parece ter dado uma dentro. Provavelmente, foi o pai dele que lhe disse essas coisas, limitando-se o rapazinho a simplesmente repetir as impressões e opiniões do papai.

Como deveriam saber, o que há de verdadeiro no romance Alemão e Siri é o que havia de verdadeiro no "quadrado mágico" da Seleção de Parreira, nos idos do ano passado. Ou seja, a Rede Globo tem se empenhado, com seu profissionalismo e competência assombrosos de sempre, a nos proporcionar uma grande farsa nacional por ano. É uma regularidade louvável. 2006: o Hexa. 2007: Romeu e Julieta, e um Romeu que, de quebra, é também herói da raça, macunaíma global, o Alemão.

Parabéns a todos, que eu tiro as minhas tranqueiras da frente pra deixar vocês passarem.

Observação inoportuna: uma razão para odiar irracionalmente o cinema nacional: o artista nacional. Exemplo: Walter Salles. Uma razão para odiar (ir)racionalmente o cinema nacional: o filme nacional. Exemplo: O Pagador de Promessas, Cidade de Deus, etc. Explico: tais filmes não são a regra, mas a exceção, numa terra onde todo o mundo se diz artista, nos remetendo de novo à necessidade de odiar o artista nacional. Tais filmes fazem a gente ver, por causa da sua qualidade excepcional, ou seja, de exceção, como o dinheiro do contribuinte está sendo, como sempre, jogado fora. O Camarada Progressista já o tinha assinalado.
Mas, e o que fazer? Bom, eu defendo é que, enquanto não houver quem assuma a responsabilidade de fazer cinema pipoca, e cinema mesmo, a Globo Filmes vai continuar nos forçando a engolir episódios autônomos e estendidos de seus programas e novelas. É preciso, em suma, que haja um cinema nacional, e não a Globo Filmes e meia dúzia de pretensiosos querendo mostrar a miséria dos trópicos, só que apelando pra tese sociológica de coluna de jornal. Não, não estou me referindo ao Waltinho. Porque ele sabe, de qualquer modo, segurar uma câmera, e quando ele se despir do tipo do "artista nacional", convido-o pra lanchar lá em casa, e vai ter pão com ovo.

E viva "O Homem que Copiava"! Jorge Furtado, seu petista de uma figa! Tu fizeste um filme trilegal!

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