Quando pensamos na palavra ética, normalmente acabamos levando o seu significado para generalizações estúpidas, que ignoraram torrentes de pensamentos que evidenciam o termo sempre dentro de contextualizações e situacionismos. Nós hoje normalmente temos a tendência de agir, ou mostrar para os outros os nossos atos, como se seguíssemos sempre a famosa ação racional com relação a um valor, ou seja, queremos dizer, para os outros e para nós mesmos, que mesmo no mundo objetivamente massacrante e implacável que vivemos, ainda sim podemos ser fiéis a um código de conduta, possa ele ser ditado por nós mesmos ou por laços afetivos, emocionais ou de trabalho com os nossos semelhantes. Ou seja, somente sentimos o nosso valor como indivíduos no mundo das padronizações e equalizações robóticas quando tentamos manter um mínimo de coerência e respeito ao mundo que nos cerca.
No caso da nossa querida Lindsay Lohan, temos um exemplo claro de alguém que, por ingenuidade ou por puro desleixo, acaba dando aos seus semelhantes liberdades que acabam expondo-a dentro de situações impensáveis com relação a um meio de trabalho específico, nesse caso o mundo artístico, que, apesar da aparência libertária que mostra ao mundo exterior, coloca os seus membros dentro de rígidas convenções, raríssimas vezes desrespeitadas. Uma delas, sagrada convenção que perdura desde praticamente a criação de Hollywood, diz que o que acontece num set de filmagem, morre num set de filmagem. Pitis de atores, brigas de egos, diretores descontrolados, drogas, bebedeiras, desavenças, tudo isso, quando vem à tona, sempre acontece por méritos de sagazes jornalistas, nunca por profissionais do meio vindo lavar a roupa em público.
Até mesmo quando vazou na Internet o vídeo mostrando o total descontrole do Diretor David O. Russel no set do filme Eu Amo Huckabees, gerou-se uma revolta no meio, com todos dizendo que a pessoa responsável pelo vazamento do vídeo teria a carreira acabada nos meandros Hollywodianos, mesmo com o papelão proporcionado pelo diretor. George Clooney, desafeto de Russel e suspeito de ter vazado o vídeo, teve que vir a público desmentir uma suposta ação sua.
Toda essa situação foi chutada para escanteio nos bastidores da produção Georgia Rule, que no Brasil terá o nome de a Toda Poderosa, filme malhado pela crítica e estrelado pela Jane Fonda e pela Lindsay Lohan. O comportamento de Lohan no set deu início a diversos rumores e boatos, algo normal na mídia que cobre o showbusiness, mas o que realmente foi impressionante é que, de uma hora para a outra, a Jane Fonda, os produtores do filme, o diretor, todos começaram a criticar duramente Lindsay na imprensa, jogando nas costas da garota um futuro fracasso do filme, citando sempre um suposto "comportamento anti-profissional" dela, apontando atrasos, comportamentos rudes e excesso de noitadas no meio das filmagens.
Não é a primeira vez que Lindsay é achincalhada pelos seus colegas. Citei antes no blog o caso Hilary Duff, que zombou dela quando roubou o namorado. Um outro ex-namorado também xingou-a quando começou a namorar a (pasmem) Paris Hilton. Depois dos eventos do Georgia Rule e da execração pública que a equipe do filme promoveu, Lindsay também foi alvo de piadas e de comentários de outros colegas, apresentadores, todos que pudessem malhar a menina aproveitaram e foram em frente. O que fez Lindsay? Reagiu? Exigiu respeito? Que nada. Nas entrevistas que deu para promover o Georgia Rule, Lindsay praticamente implorou de joelhos perdão para os porcos da produção do filme, disse que a Jane Fonda era uma pessoa excepcional e que sempre irá lembrar dos conselhos dela, que se sentia terrivelmente mal por ter arruinado uma produção tão dispendisiosa. Ou seja, pediu perdão por todos os problemas da humanidade. Em nenhum momento atacou ninguém. Como sempre, por pior que fosse a sua situação psicológica, emocional, por piores que fossem os ataques, ela jamais fez com ninguém o que as pessoas não pensaram duas vezes em fazer com ela. Ao contrário dos seus iguais, ela verdadeiramente guia-se pelo valor. E esse é o grande problema.
O comportamento dela foi mesmo errático. Ela realmente atrasou a filmagem, mas nada que justificasse tamanha comoção. Agora, quando um Marlon Brando lia falas dos textos em cartões, chamava diretores de apelidos jocosos, fazia birra destruindo takes inteiros, influindo em todos os aspectos das produções, todo mundo achava lindo. O Marlon Brando podia, afinal ele era daqueles que, se alguém falasse mal, ia e enfiava o dedo na cara. Aí, todo mundo se borrava e ficava quieto. Era o Brando, pombas! Ele podia tudo!
Aí, diretor, produtores e atriz veterana de uma porcaria dum filme, uma bomba atômica ambulante, todos eles colocam a culpa de um fracasso antes mesmo do filme sair numa garota de 20 anos de idade passando por momentos difíceis e que, por incrível que pareça, segundo os críticos, teve uma atuaçao aceitável nessa droga. Ou seja, pelo menos na tela, Lindsay sai ilesa do desastre. O maior papelão foi, sem dúvida, da Jane Fonda, atriz de 245 anos de idade, que se meteu em causas de paz e revoluções nos anos 70, chegando a posar com as tropas vietnamitas apontando um canhão para os soldados americanos, e que depois se casou com o bilionário americano Ted Turner, que significava praticamente o contrário de tudo aquilo que ela pregava nos anos de luta. Um exemplo de coerência de vida. Lindsay, ainda há tempo: marque uma entrevista, xingue a velha com o famoso apelido "Hanói Jane", que ela ganhou na época da Guerra e detesta, e diz que todos que quiserem depreciar você deveriam mesmo é morrer abraçados com o Capeta. Não deixe pessoas medíocres jogarem em você as culpas e frustrações de projetos canhestros e que não sejam merecedores da sua presença. Jane Fonda my ass!
Ontem, assisti a Clube da Luta. Não podia ter sido mais oportuno. Clube da Luta é exatamente o contexto que procurávamos para acomodar Lindsay Lohan. A sociedade de consumo invertida, mas ainda sociedade de consumo: massificada, com um forte espírito de rebanho. A geração fast food voltando-se contra si mesma. Isto é, uma crítica a uma revolução que apela aos mesmos vícios e fraquezas que sustentam a ordem que se quer destruir. Algo como: "isto aqui não presta, mas o que vocês têm feito pra mudar, com esses discursinhos anti-Mcdonald's, também não". O sabonete é uma bela metáfora: transformam-nos em produto e assim ganhamos a aura característica de todo produto - que é o de ser uma solução acabada, uma necessidade satisfeita. Somos consumidores daquilo que queremos ser. Inclusive, revolucionários.







Houve momentos na história do cinema que mostraram produções capazes de influir, sozinhas, em toda a indústria cinematográfica, criando escolas de linguagem, sendo precursores de estilo, tanto em termos estéticos e de efeitos como em termos narrativos e interpretativos. Falo de filmes como o Nascimento de uma Nação, clássico nojento racista de D.W. Griffiths, mas que marcou praticamente o início da linguagem do cinema e do ritmo que um filme deveria e passaria a ter depois de então; de um E O Vento Levou, trazendo os épicos pela primeira vez; de um Cidadão Kane, revolucionário em estilo e narrativa; de um Uma Rua Chamada Pecado, que marcou o início da escola de interpretação conhecida como método; de um Acossado, de Godard, que marcou o início da Nouvelle Vague; Sétimo Selo, A Doce Vida, O Poderoso Chefão, Laranja Mecânica, Blade Runner, Pulp Fiction, Matrix, Clube da Luta, todos esses filmes foram capazes de, em maior ou menor escala, causarem uma revolução no modo das pessoas encararem o cinema. Mas nunca, em toda a história, desde que os irmãos Lumière resolveram brincar de fazer câmeras, um filme serviu tão bem como retrato de uma geração como o Meninas Malvadas (Mean Girls, 2004).




O negócio é o seguinte: eu sei a chave de todos os problemas que assolam a vida da Lindsay Lohan. O motivo já foi antecipado brilhantemente num post do Fundamentalista (estamos muito bonzinhos um com o outro ultimamente, tá na hora de voltarmos para as boas e velhas ofensas), Lindsay deve todos os seus problemas, eu digo, para desespero dos que gostam de textos sóbrios, TODOS OS SEUS PROBLEMAS, para o dia que nasceu, 2 de Julho de 1986. Por que você diz isso, Progressista? O que o dia de nascimento da menina tem a ver com o seu comportamento exasperado e autodestrutivo? Você escreve esse post sobre o efeito de algum etílico? Não. Explico-te. Pessoas nascidas no dia 2 de Julho nascem sobre o signo do zodíaco Câncer. Ha!, é isso, pô? Vai vir com essa bobagem de astrologia de novo? Cala a tua boca, moleque! Deixe-me aprofundar na matéria, por favor. Vejam bem, nos últimos dois anos, Lindsay entregou-se totalmente ao prazer mundano das drogas (rumores), bebidas (comprovadamente), e rock'n roll (nada indica que ela goste do gênero), comprometendo frontalmente a sua até então bem encaminhada carreira. Como consequência, foi alvo de críticas de todos os lados, pessoas que trabalharam com ela, nos filmes e discos, apresentadores, comediantes, e até, vergonha mor, da Rosie O'Donnel. Aí é demais! Todos metendo o bedelho na vida da menina. Intrusos sem convite numa festa de escárnio e humilhação. Mas nenhum desses tolos entenderam realmente a confusa psique da menina e os fatos que a empurraram para o submundo. Por exemplo, olharam eles para a criação que a garota teve, os valores passados por seus pais? Ou então, a total falta dos mesmos, já que o pai é um golpista que já foi preso por sonegação de impostos, direção alcoólica e agressão, tendo passado muitos anos da adolescência de Lindsay atrás das grades? E a mãe, o que fez para atenuar essa situaçao calamitosa? Tentou proteger a filha, dando atenção, conforto, carinho, propiciando condições para que ela pudesse evoluir como pessoa mesmo com os problemas do pai? Que nada. Sempre tentou colocar a filha desesperadamente no mundo artístico, expondo a menina despudoramente aos holofotes, tirando dela o sustento de um lar destruído pelas cafajestagens de um pai escroque. Ai que entra, gloriosamente, a questão dela ser canceriana.
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