sexta-feira, 22 de junho de 2007

Os 13 Homens e alguns segredos também

Hoje, estréia no país 13 Homens e um Novo Segredo (Ocean's Thirteen), terceiro filme do bando comandado por Danny Ocean, personagem que no filme original de 1961 (faz tempo) fora de Frank Sinatra e agora é interpretado pelo George Clooney, e nos papéis que foram na época dos outros membros do Rat Pack, tais como Dean Martin, Sammy Davis Jr. e Peter Lawford, entraram Brad Pitt, Don Cheadle, Matt Damon, entre outros astros. Os dois esforços anteriores, Onze Homens e um Segredo (Ocean's Eleven;) e Doze Homens e Outro Segredo (Ocean's Twelve) provaram toda a criatividade dos tradutores brasileiros nos títulos, e... bem... bom...é... realmente, acho que foi só isso mesmo. O único segredo realmente importante que pode-se tirar de todos esses filmes é um só: Steven Soderbergh é a maior farsa do cinema americano, o Jack White com uma câmera na mão e cifras de dinheiro na cabeça. Os três filmes foram dirigidos por ele, que foi ganhador do Oscar de melhor diretor pelo Traffic, em 2000. Um cara com um certo respaldo no meio cinematográfico. Então, por que cargas d'água, nos últimos sete anos, ele tem se dedicado a fazer essa série, provavelmente o maior esforço auto-indulgente da história de Hollywood (nem o Rat Pack dedicaria tanto tempo com bobagens assim)? Qual o comichão que esse sujeito sente que o faz encher a tela com os maiores astros do cinema contemporãneo brincando de atuar, fazendo cara de deboche e dizendo piadas auto referentes a cada dois segundos, um clubinho para o qual eles jamais convidam os espectadores para fazer parte, tudo isso tendo como pano de fundo roteiros vagabundos sobre golpes em cassinos (zzzzzz)?
A justificativa oficial é que Soderbergh, junto com o Clooney, tem uma produtora de filmes, e faz os filmes dos duzentos homens e todos os segredos para bancar projetos mais artísticos e ambiciosos, consequentemente sem tanto apelo de público e mais arriscados comerciamente. Tá, isso é lindo no papel. Mas, vamos para a prática.
George Clooney dirigiu nos últimos cinco anos dois filmes, Confissões de Uma Mente Perigosa, elogiado porém um fracasso nas bilheterias, e Boa Noite e Boa Sorte, esse sim um sucesso de crítica e, pelas indicações ao Oscar que recebeu, de público também (merecidamente, é um bom filme). Provou que é produtivo, pelo menos.
E o Soderbergh? Diretor do clássico cult de 1989, Sexo, Mentiras e Videoteipe, filme superestimado e chato, do canto do cisne da carreira da Julia Roberts, Erin Brockovich, em 1999, que de bom, como todos sabem, tem somente os decotes da Julia e nada mais, o que o Steven fez de bom desde o primeiro filme dos golpistas do Danny Ocean, em 2001? Solaris? Há, dá um tempo. Bubble? O que, alguém realmente assistiu esse filme? Duas produções baratíssimas (se bobear custaram menos que o El Mariachi), e que passaram constrangedoramente desapercebidas nos cinemas do mundo todo, já que tratavam-se de produções "independentes", supostamente a paixão de Soderbergh.
Ok, se o cara ama tanto o cinema underground, por que não usou a grana que ganhou com os Onze, Doze e Treze Homens para fazer filmes realmente interessantes, ao invés de perder tempo com experiências inúteis? É tudo pelo ego mesmo? Colocar George Cloone, Brad Pitt, Matt Damon, Don Cheadle, Andy Garcia e, agora, Al Pacino, juntos em alguns metros de película e dizer que "ó, quem teve cacife pra juntar toda essa galera fui eu! Se for colocá-los num filme normal, o orçamento de cachês vai ser uns 150 milhões sozinho, certo? Eu sou o cara, entendeu?". Mas aí, você diz que no ano que vem, ele vai lançar dois filmes simultâneos sobre o Che Guevara. Tá, legal. Diários de Motocicleta saiu outro dia mesmo, não foi? Agora, dois filmes seguidos com o mesmo tema, sendo que nos dois filmes Benicio Del Toro, insuportável ator, interpretará o revolucionário mais Pop da história. Imagino o quanto esses projetos farão diferença para o mundo. Todos os chatos adoram o Che Guevara, Walter Salles (aquele que saiu da sala quando o Elia Kazan foi receber o polêmico Oscar honorário, claro, tem todo cacife para fazer isso mesmo) que o diga. Mais uma vez, Soderbergh vai apelar para ganhar alguns trocados as custas da patuléia, já que Brad Pitt e Clooney afirmaram que a série dos Homens acabou.
Soderbergh está a deriva, sem os seus astros que trabalharam por caridade para ele em três filmes. O mundo que se cuide: bocejos e truques desonestos de edição virão por aí

Nenhum comentário:

Postar um comentário