terça-feira, 5 de junho de 2007

RESENHA: ARCADE FIRE

Com um mês de atraso, injustificável, trago para essa galera animada, moderna e com sede de informação, resenhas de um disco que agitou (essa doeu) o mundo Indie: Arcade Fire, galera! Ó, logo falo sobre o novo do Arctic Monkeys, sossega o facho aí.

ARCADE FIRE - NEON BIBLE: Segundo disco dessa big-band-indie-rock canadense (país que nos deu artistas fabulosos como Bryan Adams e Celine Dion), possui um conteúdo metafórico-político que não existiu no primeiro disco deles. Com sete integrantes e instrumentos nada comuns como escaletas, arcodeons, órgãos e harpas (foi-se o tempo que harpas eram comuns no rock, principalmente na época do punk, eles adoravam uma harpinha, vide o Sex Pistols). Um faixa-a-faixa pra vocês entenderem melhor (não, não chamo vocês de burros):

1- Black Mirror: Faixa sorumbaticamente sinistra, com efeitos fantasmagóricos em cima dos vocais e instrumentações e com uma letra que versa sobre a incidência de bombas e violência como efeito regressor do homem. Já abre o disco deixando aquele gostinho de quero mais (essa doeu, parte 2)! Ueba, será que o resto vai ser tão bom assim? Hein? HEIN?
2-Keep The Car Running- Levada por um baixo marcante, em torno do qual se constrói toda a melodia, a música descreve o processo de fuga de um lugar que (adivinhem) está sendo bombardeado. Seria o disco conceitual? Ainda é cedo, cedo, cedo, era quase escravidão mas ela me tratava como rei. Bom, gonzonices a parte, outro acerto, duas músicas e um belo presságio para o resto do disco
3- Neon Bible - Faixa que dá nome ao disco, toda levada por teclados e um leve arcodeon, quase um mantra, versando sobre poucas chances de sobrevivência e como os valores do livro-mor estão esvaindo-se nas fúlgidas chances dadas a homem em tempos de guerra e intolerância. Apenas uma faixa de transição, nada muito marcante.
4-Intervention: Aê! Putz, agora sim, prepare a caixa de lenços. Com um órgão sensacional levando toda a melodia nas costas junto com a bateria, pela primeira vez aperecendo com destaque, e com a letra falando de isolamento religioso no meio do caos (melhor letra do vocalista e compositor Win Butler,que aliás faz o seu melhor vocal na faixa), a música arrepia e mostra que o Arcade Fire quer atingir as massas.
5- Black Wave/Bad Vibrations: Suíte dividida em duas partes, a primeira com vocal da mulher de Butler e tecladista da banda Régine Chassagne, a música pega o Pop, subverte-o, vira as regras de cabeça pra baixo e mostra vontade de usar as regras do jogo para criar algo diferente. A parte cantada por Régine parece ser um sonho no meio do soturnismo que premeia o disco. Espetacular, segundo grande momento do álbum, e pelo jeito, marca o fim das idéias do disco.
6- Ocean of Noise: faixa com nítidas influências do Pixies (acredite se quiser), é um dos piores momentos do disco, não por culpa dos Pixies, que eram uma banda sensacional, mas pela total distância que envolve as duas bandas, de mundos totalmente distintos. A música começa a parte no qual a banda se preocupa mais emular as suas influências ao invés de criar algo realmente forte.
7-The Well and The Lighthouse - Faixa mais "new rock" do disco, soa como tentativa da banda de se colocar ao lado de seus pares no rock de hoje. A letra é o destaque nessa faixa com pouco a oferecer, além de uma forçada mudança de ritmo no meio.
8-(Antichrist Television Blues)- Sabem quem essa faixa me lembrou? Quem, quem, quem? Bruce Springsteen. Isso é ruim? Nesse caso, não, felizmente, a temática homem versus brutalizações e os vocais apaixonados de Butler acabam criando outro belo momento, e o Bruce anda sendo coqueluche no novo rock, vide Killers que fez um disco todo imitando ele.
9-Windowsill- Com uma levada monocórdica de guitarras e violão que vai subindo junto com a melodia até criar um crescendo no final, a música reflete o maior problema do disco: a repetição da temática, já que praticamente todas as músicas parecem versar sobre a mesma coisa. Talvez o Win Butler não seja um letrista tão incisivo como o Ian MacCuloch, e ele precisa reconhecer isso e começar a variar um pouco os seus temas. É isso aí, se quiserem, eu falo na cara dele.
10- No Cars Go: Talking Heads. Bizarro? Nada, a mesma levada baixo e bateria, a mesma vocalização masculina-feminina, tudo o que marcava a banda do chato David Byrne. Isso não pode ser bom, de maneira nenhuma. Triste, 7 branquelos e branquelas canadenses querendo mostrar suingue. Pior momento do disco.
11- My Body is a Cage: Música que começa arrastada,demora pra pegar no breu, mas que quando pega, acaba trazendo de volta o Arcade Fire do primeiro disco, com as dramatizações e a incrível coesão da instrumentação não-usual que marcaram aquele belo trabalho. Trutas canadenses, entendam que vocês nunca venderão 10 milhões de discos e voltem a fazer aquilo que vocês sabem tão bem. E SEM IMITAR O TALKING HEADS, PELO AMOR DE DEUS!

Conclusão: isso lá é trabalho de mestrado pra eu colocar conclusão, pô? Bom, resumindo: começo sensacional, ate que a partir da sexta faixa eles resolveram começar a imitar todas as bandas e artistas dos anos 80. Ai danou. Nota 7, pela Intervention e Black Wave/Bad Vibrations.

Nenhum comentário:

Postar um comentário