sábado, 30 de junho de 2007

A Ética Lohaniana, ou: They Shoot Horses, Don't They?

Quando pensamos na palavra ética, normalmente acabamos levando o seu significado para generalizações estúpidas, que ignoraram torrentes de pensamentos que evidenciam o termo sempre dentro de contextualizações e situacionismos. Nós hoje normalmente temos a tendência de agir, ou mostrar para os outros os nossos atos, como se seguíssemos sempre a famosa ação racional com relação a um valor, ou seja, queremos dizer, para os outros e para nós mesmos, que mesmo no mundo objetivamente massacrante e implacável que vivemos, ainda sim podemos ser fiéis a um código de conduta, possa ele ser ditado por nós mesmos ou por laços afetivos, emocionais ou de trabalho com os nossos semelhantes. Ou seja, somente sentimos o nosso valor como indivíduos no mundo das padronizações e equalizações robóticas quando tentamos manter um mínimo de coerência e respeito ao mundo que nos cerca.

No caso da nossa querida Lindsay Lohan, temos um exemplo claro de alguém que, por ingenuidade ou por puro desleixo, acaba dando aos seus semelhantes liberdades que acabam expondo-a dentro de situações impensáveis com relação a um meio de trabalho específico, nesse caso o mundo artístico, que, apesar da aparência libertária que mostra ao mundo exterior, coloca os seus membros dentro de rígidas convenções, raríssimas vezes desrespeitadas. Uma delas, sagrada convenção que perdura desde praticamente a criação de Hollywood, diz que o que acontece num set de filmagem, morre num set de filmagem. Pitis de atores, brigas de egos, diretores descontrolados, drogas, bebedeiras, desavenças, tudo isso, quando vem à tona, sempre acontece por méritos de sagazes jornalistas, nunca por profissionais do meio vindo lavar a roupa em público.

Até mesmo quando vazou na Internet o vídeo mostrando o total descontrole do Diretor David O. Russel no set do filme Eu Amo Huckabees, gerou-se uma revolta no meio, com todos dizendo que a pessoa responsável pelo vazamento do vídeo teria a carreira acabada nos meandros Hollywodianos, mesmo com o papelão proporcionado pelo diretor. George Clooney, desafeto de Russel e suspeito de ter vazado o vídeo, teve que vir a público desmentir uma suposta ação sua.

Toda essa situação foi chutada para escanteio nos bastidores da produção Georgia Rule, que no Brasil terá o nome de a Toda Poderosa, filme malhado pela crítica e estrelado pela Jane Fonda e pela Lindsay Lohan. O comportamento de Lohan no set deu início a diversos rumores e boatos, algo normal na mídia que cobre o showbusiness, mas o que realmente foi impressionante é que, de uma hora para a outra, a Jane Fonda, os produtores do filme, o diretor, todos começaram a criticar duramente Lindsay na imprensa, jogando nas costas da garota um futuro fracasso do filme, citando sempre um suposto "comportamento anti-profissional" dela, apontando atrasos, comportamentos rudes e excesso de noitadas no meio das filmagens.

Não é a primeira vez que Lindsay é achincalhada pelos seus colegas. Citei antes no blog o caso Hilary Duff, que zombou dela quando roubou o namorado. Um outro ex-namorado também xingou-a quando começou a namorar a (pasmem) Paris Hilton. Depois dos eventos do Georgia Rule e da execração pública que a equipe do filme promoveu, Lindsay também foi alvo de piadas e de comentários de outros colegas, apresentadores, todos que pudessem malhar a menina aproveitaram e foram em frente. O que fez Lindsay? Reagiu? Exigiu respeito? Que nada. Nas entrevistas que deu para promover o Georgia Rule, Lindsay praticamente implorou de joelhos perdão para os porcos da produção do filme, disse que a Jane Fonda era uma pessoa excepcional e que sempre irá lembrar dos conselhos dela, que se sentia terrivelmente mal por ter arruinado uma produção tão dispendisiosa. Ou seja, pediu perdão por todos os problemas da humanidade. Em nenhum momento atacou ninguém. Como sempre, por pior que fosse a sua situação psicológica, emocional, por piores que fossem os ataques, ela jamais fez com ninguém o que as pessoas não pensaram duas vezes em fazer com ela. Ao contrário dos seus iguais, ela verdadeiramente guia-se pelo valor. E esse é o grande problema.

O comportamento dela foi mesmo errático. Ela realmente atrasou a filmagem, mas nada que justificasse tamanha comoção. Agora, quando um Marlon Brando lia falas dos textos em cartões, chamava diretores de apelidos jocosos, fazia birra destruindo takes inteiros, influindo em todos os aspectos das produções, todo mundo achava lindo. O Marlon Brando podia, afinal ele era daqueles que, se alguém falasse mal, ia e enfiava o dedo na cara. Aí, todo mundo se borrava e ficava quieto. Era o Brando, pombas! Ele podia tudo!

Aí, diretor, produtores e atriz veterana de uma porcaria dum filme, uma bomba atômica ambulante, todos eles colocam a culpa de um fracasso antes mesmo do filme sair numa garota de 20 anos de idade passando por momentos difíceis e que, por incrível que pareça, segundo os críticos, teve uma atuaçao aceitável nessa droga. Ou seja, pelo menos na tela, Lindsay sai ilesa do desastre. O maior papelão foi, sem dúvida, da Jane Fonda, atriz de 245 anos de idade, que se meteu em causas de paz e revoluções nos anos 70, chegando a posar com as tropas vietnamitas apontando um canhão para os soldados americanos, e que depois se casou com o bilionário americano Ted Turner, que significava praticamente o contrário de tudo aquilo que ela pregava nos anos de luta. Um exemplo de coerência de vida. Lindsay, ainda há tempo: marque uma entrevista, xingue a velha com o famoso apelido "Hanói Jane", que ela ganhou na época da Guerra e detesta, e diz que todos que quiserem depreciar você deveriam mesmo é morrer abraçados com o Capeta. Não deixe pessoas medíocres jogarem em você as culpas e frustrações de projetos canhestros e que não sejam merecedores da sua presença. Jane Fonda my ass!

Um comentário:

  1. eu não acreito que tu seja fã da lohan! e axincalhar a jane fonda?

    a lindsay lohan representa tudo de errado com esse nosso mundinho!
    consumista, vazia, cínica, ar de supreioridade...
    eu assisti a entrevista dela no letterman, e devo te dizer... sabe aquela hora de meninas malvadas, onde ela quer falar o q pensa e quase vomita? ela é assim... aquele ar de adolescente de saco cheio com a vida, sabe? e quando o letterman falava alguma piada inteligente e ela não entendia, ela fazia uma cara de ã? que que esse velho tá falando, e virava pra platéia como se fizesse aquele sinal de girar o dedo ao lado da cabeça pra dizer que o velho tava louco...

    enfim, não gosto dela pois ela se acha grande coisa, e na realidade, não tem nada de mais...

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