
No caso do Confissões, Lola, uma mimada adolescente (papel da Lindsay no filme) muda-se para uma nova cidade e colégio e acaba entrando em atrito direto com a garota mais popular da escola, gerando uma disputa também pelo papel numa peça que a escola iria apresentar. O filme acaba colocando a personagem de Lindsay como vítima e a garota popular como vilã. Mas aí começa a genialidade não-implícita do filme. No fim, Lola acaba ganhando o papel, conquistando o Garoto roqueiro pelo qual era apaixonada e a garota popular acaba caindo em desgraça. Oras, mas o final não acabou sendo o mesmo nos dois casos, apenas diferenciando-se a visão dada pelo filme às suas personagens?
Essa é justamente, para os olhares mais atentos, a questão colocada pelo filme: a vaidade feminina e os métodos e atos que elas empregam ou não para dar vazão a esses desejos intensos de reconhecimento e veneração. O filme reflete brilhantemente as mudanças que o movimento feminista dos anos 60 provocaram nas mentes das mulheres. Afinal, Lola tinha chegado numa cidade nova, numa escola nova, que diabos ela tinha de ir querer arrumar confusão com o já estabelecido ambiente do colégio? O filme coloca essa situação sem, vejam bem o truque, que a personagem da Lindsay seja vista como oportunista e interesseira. O que era deixado às claras desde o começo no filme de 1950 é agora transformado em dissimulação, rodeios e manipulações da verdade. Hoje, a ambição feminina não precisa mais ser encontrada em aventureiras fora de sua era tentando-se colocar a frente dos fatos. Ela pode existir e conviver no âmago feminino sem necessariamente denotar uma suposta falta de caráter ou intromissõs indevidas, mas sim como um aspecto inerente ao gênero humano, e que propicia também as mulheres uma busca por um papel melhor na nossa sociedade. Então, quero aplaudir o diretor desse filme (sei lá quem é ele) e a nossa Lindsay, por ter reconhecido nesse papel um potencial que todos deixaram passar. Incautos!
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