quinta-feira, 21 de junho de 2007

Vida e arte de Lindsay Lohan

Toda semana Lindsay Lohan proporciona a tablóides e blogs de meninas amargas e despeitadas, que não se conformam com o fato de alguém ser tão bonita e ao mesmo tempo tão talentosa, motivos pra preencher suas pautas medíocres. Mas onde essas serpentes só enxergam escândalos e vexames, na verdade, se esconde a fonte de sua criação artística.

A pergunta que se coloca, diante da filmografia que ao longo deste mês procuramos expor da maneira mais detalhada e isenta possível, é: de onde uma moça tão jovem e naturalmente inexperiente retira material para dar tal profundidade e nuances a suas personagens? Pois o que a maioria se contenta em explicar apelando, de modo muito vago, à “precocidade”, demonstrarei que está decisivamente associado ao estilo de vida autodestrutivo da atriz. Exatamente: são as bebedeiras e orgias em que vive se metendo Lindsay que lhe fornecem substrato para transpor às frias telas de cinema, com tanta intensidade, a contraditória natureza humana.

O aparato crítico para tanto, não se surpreendam, o encontraremos em Nietzsche. Em sua estética – que, como sabem, equivale a uma filosofia da vida – baseada no par, num primeiro momento, opositivo: apolíneo e dionisíaco. Com esses dois conceitos – na verdade, dois princípios, duas forças imperantes da natureza –, Nietzsche explica o fenômeno artístico em geral.

Apolo é o deus da luz, e o princípio que personifica é o do equilíbrio, da harmonia, da bela aparência. Ou seja, está presente no ato consciente, racional e lúcido do artista à procura da forma bela, guiado pela noção da plasticidade (portanto, uma questão da visão): por isso, a escultura é, nesse caso, a arte mais emblemática, na qual esse princípio se cumpre de maneira mais evidente. Aqui, o belo é uma fuga ao sofrimento.

Ao passo que Dionísio é conhecido como o deus da orgia, da embriaguez, ou seja, da liberação das forças ocultas do inconsciente, da dissolução da personalidade. É a experiência quase mística, isto é, de fusão do indivíduo num todo maior, que lhe transcende, proporcionada pela música. Trata-se de mergulhar de cabeça em tudo o que diz respeito à exuberância e opulência do que é vivo, inclusive a dor.

Esses dois princípios estão em constante luta, procurando um sobrepor-se ao outro, e eis o que é a Camarada Vida. Nietzsche, no entanto, via a tragédia clássica como a confluência de ambos. Ora, sr. Nietzsche, não só a tragédia clássica, como também Lindsay Lohan, como podemos concluir, vencida essa soporífera exposição.

Em que consiste a arte de Lindsay? Em se aprofundar naquilo que há de mais humano, e da maneira mais intensa possível, que é através da cachaça (sem mencionar outras drogas mais pesadas: cocaína, Jude Law...), e a partir daí, já num estado de distanciamento e absoluto controle dos recursos dramáticos, elaborar uma persona que, aos mais incautos, comunica apenas um encanto, uma beleza de sonho (a bela aparência do apolíneo), mas na qual se concentram tensões muito reais e sutis (a violência latente do dionisíaco, sempre prestes a dominar o indivíduo). O aspecto dionisíaco de sua vida lhe proporciona a riqueza inesgotável das sensações e desejos que o apolíneo converterá numa performance coesa e assimilável pelo espectador, dito grosseiramente.

Portanto, estamos diante de alguém que, no sacrifício de seu próprio bem-estar e de sua integridade física, lega ao mundo – arte. Ah, mas pelo menos nós, camaradas, não o esqueceremos.

Um comentário:

  1. eu tenho uma teoria sobre ela: má alimentação.

    vc deve saber que todas essas celebridades encreiqueiras adoram junk food, vide mcdonalds.

    elas SÓ comem isso!

    e quando ela está gravando um filme, ela come outras comidas, mais saudáveis, aí ela consegue interpretar!

    os nutrientes, ingeridos, influenciam 79% dos nossos atos!

    como as drogas!

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