segunda-feira, 11 de junho de 2007

Lindsay Lohan e os anos 80

Ouvindo The Arcade Fire, comecei a pensar nos anos 80. A sonoridade da banda sem dúvida me remeteu a isso. Minha intenção original era postar um comentário fora de época sobre Funeral, primeiro álbum desses quebequestaneses, mesmo com o Camarada Progressista tendo já entregado, com todo o seu virtuosismo analítico quando se refere à música, um faixa-a-faixa do Neon Bible.

Mas desisti, os pensamentos sobre essa década – para os fins desta reflexão, maravilhosa – me absorveram e, claro, me levaram até Lindsay Lohan. Trata-se do mês dela, portanto nada mais natural.

Os anos 80 deveriam ter sido a década Lindsay Lohan. Ela nasceu para as comédias adolescentes dos anos 80. Ela e John Hughes teriam formado uma parceria lendária do cinema. Lindsay seria rainha absoluta. Molly Ringwald não daria nem pro cheiro!
Para Lindsay, mais do que para qualquer outra pessoa, a queda do Muro de Berlim foi catastrófica. Com ele, lá se iam todas as utopias, inclusive aquelas que sustentavam os anos 80. Em lugar do clima de festividade kitsch que envolvia essa década, seguiu-se cinismo e ceticismo, que, numa onda crescente, nos trouxeram até aqui, até este início de século cujo grande saldo é uma Lindsay junkie. Ela é o tipo de pessoa para quem a perspectiva de que um dia todos serão amigos, abraçando-se felizes numa espécie de Terra do Nunca e se dando as mãos para erguer casas feitas de bolo e chocolate, é fundamental; sem a qual ela desmorona, como podemos testemunhar com grande tristeza.

Ah, estas linhas elegíacas, será que cabem aqui, neste espaço que muitas vezes prima pelos males que acabo de denunciar, tais como o cinismo e a indiferença? Não, não me façam perguntas. Eu me derramei nestas linhas e já começo a me arrepender.

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