quinta-feira, 7 de junho de 2007

Num bar qualquer, com Richey Edwards

Eu não costumo sentar num bar e encontrar acidentalmente rockstars desaparecidos há mais de uma década. Isso não é comum para mim, como é para o resto das pessoas. Então, quando isso acontece, e, melhor ainda, quando se faz parte de um blog no qual posso relatar tal experiência, o jeito é aproveitar e contar tudo.
No caso, num desses dias polares que seguiram, estava num boteco mais fedido que o inferno buscando inspiração para escrever aqui. A sombra do mês Lindsay Lohan pairava sobre a minha cabeça, e eu, habitualmente inseguro,tinha medo de desapontar os milhões de fãs da Junkie Girl. No meio das lamentações, acabei vendo, sentado sozinho e tomando um copo do que parecia ser uma limonada, o Richey Edwards, guitarrista e letrista da banda galesa Manic Street Preachers, desaparecido desde 1995. Bem, era o que eu achava também. Aproximei-me da mesa do Galês, e o diálogo que se seguiu será relatado assim por mim:


Camarada Progressista: - Hello, i think i know you.
Richey Edwards: - Eu falo português.
CP- Legal! Então, você não seria por acaso o Richey Edwards, ex-guitarrista do...
RE: - Não, não sou.
CP - Como não é? É lógico que é.
RE - Sim, você tem razão, sou eu. Belo poder de persuasão.
CP: - Você não tinha desaparecido?
RE- Tinha.
CP: - Mas, se você está aqui, então não desapareceu!
RE. Não, não desapareci.
CP - Cara, você é o meu ídolo! Suas letras são, quer dizer, eram sensacionais!
RE - Todos nós temos ídolos. Os meus eram o Axl Rose e o Charles Bukowski.
CP - Legal! Então, conta pra mim, por que você deixou a banda, os fãs e toda a Grã-Bretanha procurando você até hoje, doze anos depois? Por que você fugiu?
RE - Fugir foi o meu ato de cura. Curei minhas patologias e minhas dependências idiossincráticas e finalmente pude contemplar o meu eu verdadeiro, lógico, racional e híbrido, sem perder o lirismo que sempre tangenciou a minha alma.
CP - (Alguns segundos de silêncio) É... legal, muito legal.
RE - Você não entendeu porcaria nenhuma do que eu disse, né?
CP - Sim, entendi.
RE - Diz que adorava as minhas letras, mas é incapaz de entender uma sentença por mim expressada. É, sinto muitas saudades dos meus fãs mesmo.
CP - (Um silêncio constrangedor. Segundos depois:) Cara, eu tenho um blog, e nesse mês, a gente tá promovendo o mês Lindsay Lohan! Falaremos de filmes, discos, comportamentos, tudo o que se refere a ela será tratado por nós nesse mês especial
RE - Lindsay Lohan?
CP - É.
RE - (Sorrindo pela primeira vez) Cara, olhando para aquelas sardas e para aquele cabelinho ruivo dela, eu poderia até jurar que ela era galesa... boa idéia, passa pra mim o endereço do blog, quero ler tudo.
Escrevo numa bolacha de chopp o endereço para ele, e então nos despedimos:
RE - Não conte pra ninguém que você me viu, ok? São Paulo é o lugar que melhor absorveu a mim como ser humano e como entidade, existe uma conexão orgânica entre o meu funcionamento e o dessa metrópole. Não fale no seu blog sobre essa nossa conversa, nem que eu ainda estou vivo, ok?
CP - Pode ficar tranquilo, Richey. Palavra de escoteiro.

Um comentário:

  1. Uh, daria tudo para um encontro com o Richey em um bar qualquer. :D

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