terça-feira, 15 de maio de 2007

As Dez Mais - Nacional

Todos aqueles que me conhecem sabem o que eu acho da música brasileira. Então, para efeitos sociológicos, lanço aqui as minhas 10 favoritas do Rock/Pop nacional (MPB fora).

10 - "Rios, Pontes e Overdrives"- Chico Science e Nação Zumbi - Da Lama ao Caos, 1994
Hoje em dia, essa banda pernambucana ainda é reverenciada pela crítica, embora tenha se tornado uma filial do Steely Dan com batuques, fazendo música para elevadores com sotaque manguebeat, e tem nos vocais substituindo o defunto Chico Science o Jorge Du Peixe, tão carismático quanto um poste de rua. Nessa música do primeiro álbum, é fácil notar o quanto a banda errou tentando continuar: Chico Science, embora fosse cabeçóide demais, era 90% da banda, e nessa eficiente composição fica claro que os experimentalismos e climas apeteóticos-agrestes funcionavam somente quando encontravam a árida poesia carangueja do Chico. Boa música, sem dúvida nenhuma.

9- "Envelheço na Cidade" - Ira! - Vivendo e Não Aprendendo, 1986
Sempre compre uma revista que tenha uma entrevista com o Nasi, vocalista no Ira, na capa. É hilário, ver esse velhote pagando de adolescente rebelde, dizendo ter o "sangue calabrês" e afirmando ser mal, pois para ele, roqueiro tem que ser malvado mesmo. Vai jogar bingo, véio! Depois falam do Chorão ainda. Mas, indo para o campo musical, o Ira sempre primou pelas letras colegiais demais e por ter um bom guitarrista, o Edgard Scandurra, hoje metido a DJ. Dizem que o terceiro disco da banda, Psicoacústica, é um clássico, as 3 pessoas que ouviram juram de pés juntos. Sei. Mas essa música é a obra-prima da banda, nunca mais farão nada parecido, um bom trabalho de artesanato pop que livra a cara deles até hoje.

8- "Me Chama" - Lobão- Vida Bandida, 1987
O Lobão é um compositor muito acima da média no esquálido rock nacional, a sua carreira foi mais ambiciosa que a dos seus pares, mas o que mata é essa mania que ele tem de querer ser o Lou Reed tupiniquim, dar entrevistas falando um monte de bobagens, se contradizendo em cada palavra, metendo o pau no rock quando lança disco de MPB e metendo o pau na MPB quando lança disco de rock. Um chato. Agora gravou até acústico para a MTV, emissora a qual ele jurou nunca mais colocar os pés em fins dos anos 90. Integridade artística é isso aí. Me Chama é a melhor música escrita por ele, um retrato de como o rock nacional poderia ser se houvesse um mínimo de inteligência entre os nossos músicos. Isso vale para o próprio Lobão também.

7- "Todo Carnaval Tem O Seu Fim" - Losermanos, ops, Los Hermanos - Bloco do Eu Sozinho, 2001
A banda que não fazia música para empregas domésticas ouvirem nos seus radinhos de pilha (eles mesmos disseram isso em entrevista pra Folha), por se acharem deuses da intelectualidade pós-moderna latino-americana, encontrou seu único acerto nessa música do seu segundo disco, que unia as duas facetas da banda, o hardcore do início de carreira com os metais e Marchinhas do fim da banda. Eu nunca suportei essa cambada, mas se negasse que Todo Carnaval Tem o Seu Fim é uma ótima canção, estaria agindo com a mesma arrogancia burra dos membros dessa banda.

6- "Alagados" - Paralamas do Sucesso - Selvagem?, 1986
O nosso careca favorito, Herbert Vianna, sempre foi um péssimo cantor, e banda ficou marcada por copiar descaradamente o Police. Nos anos 80, tentaram desesperadamente se livrarem desse rótulo, gravando discos em espanhol e outros que soavam quase como axé-music (dúvida? Tente ouvir o Bora-Bora). Selvagem foi o começo da experiência com percussões que a banda aprofundaria nos discos seguintes, mas Alagados tinha influências de música africana, e, por incrença que parível, o resultado foi bom, com o refrão mais esperto já escrito pelo Herbertão (pela última vez, é "Alagados, TRENCHTOWN", caramba!) e a bateria marcante do João Barone.

5- "Flores" - Titãs - Ô Blésq Blom, 1989
Não dá pra levar os Titãs a sério, uma banda com 456 integrantes e que ainda precisa de músicos contratados pra tocar no palco, que gravou discos horrendos como o Tudo ao Mesmo Tempo Agora e o Titanomaquia, que fez um disco de covers de fazer corar qualquer bandinha de garagem por aí. Por isso, eu nunca acreditei que esse bando de incompetentes tenha escrito uma música tão boa quanto Flores. Não pode ser, eles devem ter comprado a letra e os arranjos. Como é possível, uma letra coerente, inteligente e sagaz, uma melodia que vai além de berros de "u-hu" e repetições fonéticas guturais, tudo isso vindo dos maiores farsantes da história da nossa música? Não, essa mentira eu não compro.

4 - "Telefone" - Gang 90 e Absurdettes - Essa tal de Gang 90 e Absurdettes, 1983
Quando o jornalista, DJ nas horas vagas e maluco em tempo integral Júlio Barroso fundou essa filial do B-52's no começo dos anos 80, praticamente dava os primeiros passos, junto com o Blitz, do rock nacional. As viagens beatniks que ele tinha nas letras (uma das músicas do disco chamava Jack Kerouac, muito criativo mesmo) encontraram a sua melhor forma nessa música, que foi regravada um milhão de vezes por outras bandas. O visionarismo de Barroso terminou quando ele caiu da janela do seu apartamento em meados de 1984, e ele não viu o estouro do rock nacional, talvez tenha sido melhor assim, do que ter de ser colocado junto dos Barões Vermelhos e RPMs da vida.

3- "Será" - Legião Urbana - Legião Urbana, 1985
Renato Russo era um bom letrista. Ponto. Mas o seu talento como escritor nem sempre encontrava equivalência nas composições da banda, já que a Legião Urbana tinha instrumentistas medíocres nos seus quadros, e o sucesso das músicas dependia das sacadas melódicas que ele tirava das letras, já que se dependesse do Marcelo Bonfa e do Dado Villa-Lobos, poderia esperar sentado. Por isso, os últimos discos da banda soavam chatíssimos e arrastados, poemas musicados na verdade. Será, do primeiro disco da banda, se beneficiou do frescor de idéias que ainda existia, e com a sua letra que versava sobre um casal (gay? dah!) com tendências a extremismos emocionais, acabou sendo talvez o maior acerto da banda, sem dúvida um grande momento do rock nacional.

2 - "Hoje" - Camisa de Vênus - Batalhões de Estranhos, 1984
Marcelo Nova, compositor, vocalista e faz-tudo na banda, ficou com péssima fama ao estar junto do Raul Seixas na época da sua morte, sendo apontado como o responsável a levar o Raul de volta ao vício de bebidas que acabaria lhe matando. Bobagem, o Raul Seixas era um maluco de carteirinha que sempre foi chegado numa cachaça, independentemente de qualquer influência do Marcelo Nova em cima dele. Quanto a música, um belo pau na mania brasileira de cobrir os problemas do dia a dia com festas e carnavais, foi um belo achado na errática carreira do Nova, que não tem culpa de ser pai da mulher mais feia da história da humanidade, a Penélope Nova. Pô, antes que me xinguem, alguém tinha de ser a mulher mais feia já nascida, não é?

1- "Coração Pirata" - Roupa Nova- Não tenho a menor idéia do disco, deve ser de alguma novela dos anos 80, Salvador da Pátria, Vale Tudo, Mandala...
Eu tento ser sério. Eu tento fazer tudo direitinho. Mas, ai eu acabo sempre me perdendo nas minhas bozonices. E sabe por quê? Por que eu faço por que quero, estou sempre com a razão, mas jamais me desespero, sou dono do meu coração. A, o espelho me disse. Você não mudou.

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