E um dia um camarada seu, tipo, sei lá, só exemplificando, o Progressista, fica malu... Já Brás Cubas, aquele de Literatura Brasileira no Ensino Médio, advertia do perigo de uma idéia fixa. Pois é numa idéia fixa que os melhores, os mais belos e nobres, os mais inteligentes e capazes sucumbem.
Tipo, o camarada chega um dia falando em Ally Mcbeal. A gente acha engraçado - estranho, mas engraçado -; pensa que é uma bizarrice qualquer, o sujeito só querendo curtir, e a gente, que também adora um nonsense, compra, na boa. Mas aí, ele insiste, argumenta do talento de Calista Flockhart; desce a lenha em Sex and the city, que supostamente teria destronado Ally Mcbeal; faz análises sociológicas sobre o período Clinton, quando a série foi ao ar; e o maluco vai falando animosamente de um episódio atrás do outro; e, daí a pouco, a gente se pega comentando que a nossa mãe também assistia e gostava das aventuras de uma advogada promíscua em Boston.
O passo seguinte é você emprestando o seu cartão de crédito pro maluco pedir pela net todas as três temporadas de Ally Mcbeal lançadas em DVD no Brasil. E aí, você, passando o número do seu cartão, por telefone, pausadamente, pra que ele te entenda, começa a lembrar que não é a primeira vez que isso acontece. Que, um dia, você acompanhou esse mesmo sujeito até o caixa da Fnac pra ele desembolsar umas 100 pilas na primeira temporada de Frasier...
E se você se arrisca a convencê-lo de que é loucura, ele ainda joga contigo: "Pô, elas usam minissaias. Minissaias!!!" É, não é?
Nenhum comentário:
Postar um comentário