quinta-feira, 31 de maio de 2007

DICAS DO PROGRESSISTA: NEW WAVE

Esquentando o clima para o esperadíssimo mês Lindsay Lohan, venho aqui falar de um assunto que tem tudo a ver com a nossa viciada em medicações prescritas favorita: New Wave, cambada! Ou, como dito por essas bandas, Niu Uaivi. Movimento nascido da confusão que rolava na música no final dos anos setenta, marcou o encontro entre o Punk e a Disco Music, e os filhos bastardos acabaram fazendo a fama no mundo pré-Aids. Sim, a Aids, feia e malvada, murchou a festa e os New-Wavers foram trocados pelos góticos na preferência do povão. Mas eu, sempre pronto para abrir o baú de memórias, trago aqui cinco discos que formam o DNA do movimento. Preparem a festa, caprichem na decoração Kitsch, e cantem bem alto: "and heavy equipaments, WE'RE IN THE BASEMENT!":


The B-52's - "The B-52's" - 1977
Inspirados por filmes trashes dos anos 50 e pelo ar Kitsch que dominou a década de 60, essa banda de Athens, Geórgia (terra do R.E.M.) acabou marcando uma espécie de polaridade oposta com os contemporãneos punks: a simplicidade instrumental, a ênfase no ritmo e nas sonoridades diretas, mas o discurso voltado para celebrações e paranóias marcadas por estados alterados da mente (leia-se drogas), a banda inovou, e nesse disco percebe-se bem que eles chegaram chutando a barraca. Com músicas sensacionais como Private Idaho e a célebre Rock Lobster, quase um punk-rock que versa sobre uma festa maluca de estrelas do mar e lagostas na areia (?), os vocais ensandecidos de Fred Schneider, as harmonizações das new-wave girls Kate Pierson e Cindy Wilson e a fabulosa guitarra de Ricky Wilson (que tinha inacreditáveis 2 cordas), o B-52's abri o caminho para todos os que queriam festejar sem os excessos da discoteca. A festa estava só começando.

Blondie - "Parallel Lines"- 1978
Terceiro disco da banda de Nova York, liderada pela carismática ex-coelhinha da Playboy Debbie Harry, foi o ponto de virada da banda, que fracassara nas duas tentativas anteriores. Soando mais pop e digerível que nos discos anteriores, a banda criou faixas que virariam obessão para as bandas one-hit-wonders nos anos 80, como Sunday Girl, Hanging on the Telephone e a clássicaça-aça Heart of Glass, talvez a música de maior fama de toda a New Wave. A banda sempre andou com artistas mais "cabeça" como o Talking Heads, o Television e até com os reis do punk Ramones, mas o negócio deles mesmo sempre foi o glamour e o hedonismo do art-pop.



Gary Numan- "The Pleasure Principle" - 1979
Terceiro disco do londrino Numan, marca o auge das suas experimentações eletrônicas, mixando o uso de sintetizadores (ele praticamente ditou o uso deles que acabou infestando todos os anos 80) com poderosas percussões e batidas eletrônicas. Fascinado por temas industriais, que ditam a temática do disco, e criando uma persona robótica imortalizada em clipes sensacionais, Numan colocou a New Wave na crescente classe operária inglesa, dando um necessário ar cinzento as convenções do gênero. Mas tudo isso é completado pelas incríveis composições do album, a insandecida Metal, a atmosférica Airlane e a mítica Cars, maior sucesso dele. Gary Numan foi o cara que, sozinho, criou um estilo e sonoridades que fizeram toda uma década. Para o bem e para o mal.

Elvis Costello & The Attraction - "Armed Forces" - 1979
Filho bastardo do Punk, filho ilegítimo do Buddy Holly e homem dos dentes mais podres do showbusiness, Elvis Costello era um cara de rara sensibilidade pop, o que sempre o afastou das convenções Punks. Terceiro disco dele, marcou a sua inclinação por arranjos mais elaborados e instrumentações de maior complexidade em relação aos seus dois sensacionais discos anteriores. Usando política e guerra como metáforas para relacionamentos amorosos, Armed Forces é talvez o melhor disco já feito na New Wave, com músicas inspiradas como Accidents Will Happen, Party Girl, Oliver's Army e a cover de Peace, Love and Understanding. Quem assistiu o filme Encontros e Desencontros pode lembrar da cena do videoke, quando o Bill Murray canta a música imitando a voz do Elvis Costello. Sofia Coppolla, espertinha como ela só, sabe separar o joio do trigo.


Duran Duran - "Rio" - 1982
A New Wave sempre produzia os seus hits aqui e acolá. Mas quem tratou de escancarar tudo e tacar na cara das massas o estilo foi o Duran Duran, banda que, na opinião do mano Progressista (terceira pessoa agora? Tô maluco mesmo) é a banda que melhor nomeia músicas, mas isso é assunto para depois. Com jeitão de avôs das boy-bands (embora fossem autorais) e clipes com mulheres e praias, a banda invadiu o mainstream e colocou músicas como Hungry Like the Wolf e Save a Prayer (campeã da Antena 1) para sempre no imaginário popular. Muito se discute sobre a qualidade da banda, mas não pode-se negar que eles souberam se aprovitar de todos os elementos da new wave e transformá-los numa linguagem que atingiu em cheio o povão. E Rio, a música, tem uma linha de baixo SENSACIONAL. É isso aí, todo mundo nega, mas deixa alguém tocar Save a Prayer pra ver se o pessoal não faz aquela cara de "putz, saudades daquela época".

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